Antes da Lua Cheia 2006 - Reliquias em DVDs
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Antes da Lua Cheia 2006

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Mamo, um velho e legendário músico curdo que vive no Irã, planeja dar um seu último concerto no Iraque curdistão. Após sete meses tentando obter uma autorização e convocando seus dez filhos, ele parte em uma viagem longa e incômoda dentro de um velho ônibus. No meio do percurso apanha a cantora Hesho em uma pequena aldeia, o que contribue ainda mais para as dificuldades da viagem, já que deverá mantê-la escondida, pois é proibido às mulheres iranianas cantar em público, muito menos na companhia de homens. Mas Mamo está determinado a realizar seu sonho, mesmo com uma visão recorrente de sua própria morte na meia-lua.

legendado 

 

Critica

A jornada de Mamo, no ônibus guiado por um sujeito, dono de um galo que participa de brigas, tem momentos quase surreais. Mas a realidade, sempre cruel, sempre retorna para lembrar que o mundo não é belo, ao menos, não o tempo todo. Ainda assim, o protagonista encontra forças e muita energia para seguir firmemente em seus objetivos.

Encontra-se uma cantora, mas é preciso escondê-la, quando o ônibus é barrado por policiais. Na fronteira, é necessário mostrar os passaportes - e nem todos os membros da viagem têm o documento. Chegam a uma vila, que parece perdida no tempo e talvez tenha sido completamente abandonada pelos habitantes.

Uma única moradora, uma senhora bem idosa, explica o que aconteceu. Já outra mulher, chamada Niwemang (o título original do filme, que significa algo como Lua Crescente ), tem uma voz que parece ter o poder de despertar os mortos. Ela é interpretada por Golshifteh Farahani, deProcurando Elly .

 Momentos como esses compõem o painel que Ghobadi traça da fronteira entre o Irã e Iraque atual. Embora o filme seja de 2006, pouco depois da queda de Saddam Hussein, em 2003, Antes da Lua Cheia não poderia ser mais atual.

Ao falar da arte, no caso a música, e do artista como elemento de resistência, o diretor faz lembrar de seu colega Jafar Panahi ( O Círculo)que ficou preso por mais de dois meses, acusado de fazer filmes contra o regime iraniano. Ele foi libertado no mês passado, depois de iniciar uma greve de fome e mobilizar protestos de artistas em todo o mundo.

Aqui, a resistência dos personagens acontece de forma sutil, ao resistir à lei ou encontrar formas de contorná-las.

Em alguns momentos, especialmente quando pessoas vivas se deitam em covas, Antes da Lua Cheiaremete a O Gosto da Cereja , de Abbas Kiarostami. Mas o cinema de Ghobadi dialoga com muitos de seus colegas, ao falar de vidas cuja liberdade de expressão, entre outras coisas, foi usurpada.

Em alguns filmes anteriores de Ghobadi, Tempo de Embebedar Cavalos (2000) e Tartarugas Podem Voar (2004), a presença de animais no título era real, mas ao mesmo tempo metafórica, retratando seres humanos vivendo em condições impróprias. Aqui, pouco mudou, mas o cinema do diretor encontra outra nuance, certo humor negro, que vem mais do absurdo das situações do que da vontade de fazer rir.

Antes da Lua Cheia é inspirado no "Réquiem", de Mozart, e encomendado pelo New Crowned Hope Festival, que em 2006, celebrou os 250 anos de nascimento do compositor. Ghobadi faz uma bela homenagem a um dos maiores artistas da história, que, apesar do talento, morreu jovem, cheio de dívidas e foi enterrado numa vala comum. Aqui, o diretor retoma todos esses elementos, situando-os em outro lugar e em outro tempo, encontrando a atemporalidade do poder da arte.

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