Serviço - (Serbis)-de Brillante Mendoza (Filipinas/França, 2008)- RARIDADE - Reliquias em DVDs
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Serviço - (Serbis)-de Brillante Mendoza (Filipinas/França, 2008)- RARIDADE

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A primeira imagem é de uma garota se olhando no espelho em um quarto abarrotado de objetos, inclusive de imagens religiosas católicas. Nua, passa batom e repete “i love you”. Um garoto observa, sai correndo e diz que vai contar à avó que a prima está passando batom. Não dá pra analisar este cena sozinha, como se ela em si fosse um resumo, mas essa situação da garota feia reprimida e quase sensual, revela um pouco a auto-imagem do filme: algo entre o grave e o patético. Essa auto-imagem revela o desejo e a fraqueza de Serbis, um típico exemplar do “cinema contemporâneo” que pensa, sobretudo na força de procedimentos que captam a pulsão dos corpos e lugares. Mas esta pulsão, por vezes, demonstra mais uma inércia, e este é o caso de Serbis. Se tudo aspira a uma certa inércia, é porque parece, principalmente, um inventário de formas e organização de tempo, espaço e drama de filmes melhores. Exemplo: não temos uma trajetória, temos um olhar para um espaço; não temos exatamente conflitos morais, mas uma negociação dos corpos com o meio que reagem pontualmente, segundo as circunstâncias. Quando o filme começa o cotidiano dos personagens está em andamento, quando termina, continua em andamento. Nada mais “contemporâneo”. Nesse ritmo, Brillante Mendoza tenta reproduzir uma sordidez do habitat dos personagens na organização daquele universo: um espaço que se revela aos poucos, a partir dos movimentos bruscos de seus personagens, como um cinema pornô chamado Family, administrado por uma família em que a matriarca é uma mulher severa e religiosa. Os signos religiosos e pornográficos que consistem, sempre, em corpos revelados, plásticos, vazios ou translúcidos (não importa) negociam espaço entre si, sem fazer analogia ou contraste. Tudo parece cru, direto e pragmático. Isso tudo não é um valor em si pra começo de conversa. Tudo no cinema, como a História já provou, está a meio passo da autenticidade e do fetiche. Por isso, em um filme aparentemente tão ousado quanto Serbis, deve-se fazer a pergunta: qual é a integridade que se deve procurar em um filme? Essa é uma pergunta importante ao se ver Serbis porque é evidente ai um projeto de cinema e o método do cineasta é exposto com a certeza de onde está e para onde vai. Mas como não é só de ponto de partida e segurança de seus meios que é feito um filme, Serbis revela a cada momento uma sobreposição de seus efeitos de choque à aproximação desse universo. Em princípio Serbis faz as escolhas certas, mas privilegia tudo o que é contundente – o que não seria um problema se essa contundência servisse a esse universo. Mas o que acontece é justamente o contrário: o universo serve à contundência das imagens e das situações. É como se esse choque entre a câmera e o caos que ela tenta organizar (de sordidez, nojo, contradição) induzisse o olhar unicamente a uma relação um tanto distanciada e entojada com aqueles corpos e espaços. Por isso Serbis é um embuste. É um exemplo sofisticado do ouro de tolo do cinema atual, das arrojadas formas in. O rascunho da idéia de frontalidade dos acontecimentos, do automatismo da relação corpo-câmera-espaço, entre outras coisas, ao invés de permitir que o filme respire, o transforma num elefante branco conceitual.

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