Dança Macabra - 1964 - Edgar Allan Poe - Reliquias em DVDs
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Dança Macabra - 1964 - Edgar Allan Poe

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1964 / Itália, França / P&B / 87 min / Direção: Antonio Margheriti / Roteiro:Sergio Corbucci, Giovanni Grimaldi / Produção: Marco Vicario / Elenco: Barbara Steele, George Rivière, Margarete Robsahm, Arturo Dominici, Silvano Tranquilli, Umberto Raho

 

Dança Macabra é o clichê do clichê dos filmes góticos. Em pleno ano de 1964, parece que você está assistindo a uma produção da década de 30 ou 40. Tanto pela atmosfera do filme, quanto pela sua fotografia preto e branca (belíssima, diga-se de passagem, de Riccardo Pallotini) e sua ambientação: um castelo medieval, abandonado, empoeirado, cercado por névoas e vultos e ladeado por um cemitério no quintal.

Não podemos nos esquecer também do roteiro, que proporciona todos esses elementos góticos e uma narrativa bastante simples e comum no gênero: uma aposta para que um sujeito passe uma noite, que por acaso é a noite do Dia dos Mortos, em um castelo mal assombrado, e consiga retornar com vida na manhã seguinte. Detalhe que ninguém nunca sobreviveu à aposta. E pelo que a gente já é escolado no cinema de terror, sabemos que essa tipo de desafio NUNCA acaba bem.

Falando em roteiro, erroneamente o filme é creditado a uma adaptação da obra de Edgar Allan Poe. Na verdade, é uma livre adaptação, e o próprio Poe aparece em cena na abertura do filme, interpretado por Silvano Tranquilli, contando uma de suas histórias fantásticas em uma taverna, mais precisamente o conto Berenice. Mas fora isso, o enredo em si de Dança Macabra não tem ligação nenhuma com os textos do escritor americano.

Produção italiana e francesa dirigida por Antonio MAR-GHE-RI-TI (impossível falar o nome desse sujeito sem lembrar do sotaque de Eli Roth emBastardos Inglórios), usando seu corriqueiro pseudônimo de Anthony Dawson, a trama traz o cético jornalista Alan Foster (vivido por George Rivière, que já havia trabalhado sob a direção de Margheriti em A Mansão do Homem sem Alma) que está à procura de Poe, de passagem por Londres, a fim de entrevistá-lo para o The Times, e nesta mesma taverna ele encontra o sinistro Lorde Thomas Blackwood, que lhe propõe a aposta de permanecer vivo em seu castelo até a manhã seguinte, sendo que o prêmio seria de 100 libras.

The're coming to get you, Barbara!

They’re coming to get you, Barbara!

Alan topa o desafio para escrever uma crônica para o jornal, desmistificando completamente todas as absurdas teorias de fantasmas e castelos mal assombrados. Coitado, mal sabe ele que naqueles corredores escuros do castelo abandonado, além de encontrar todo tipo de clichê do gênero, como portas se fechando sozinho, rajadas de vento que apagam as velas, espelhos que refletem vultos e pianos que tocam sozinhos, também encontraria a presença da mórbida e enigmática Elizabeth Blackwood, papel da estranha, porém bela, Barbara Steele. Papel por sinal que combina perfeitamente com a moça.

Alan se apaixona por Elizabeth, e vice-versa, e conhece outras figuras que moram no castelo, como a megera Julia e o médico especialista em teorias sobre a morte, Dr. Carmus. Lá ele também acaba conhecendo a tragédia que se abateu sobre os Blackwood em determinada noite, logo após um baile. Traição, desejo, morte, rancor e vingança são alguns dos substantivos que estão ligados àquela família. E claro, não precisa ser nenhum expert no gênero para sacar que tanto Elizabeth quanto os demais, estão mortos, e são presenças espectrais no local, assim como o amante de Elizabeth e também os primos do Lorde Blackwood, que foram os últimos a morrerem no castelo, na mesma noite há um ano.

O roteiro então dá um verdadeiro nó, brincando com sugestões de ecos do passado e com algumas explicações estapafúrdias que os mortos permanecem vivos no local, tendo seu reflexo no presente e coisa e tal, e depois, do nada, um certo viés vampiresco se junta aos elementos já sobrecarregados do filme, insinuando através das pesquisas do Dr. Carmus, que os fantasmas precisam de sangue para poderem viver para sempre, mesmo que naquele estado espectral, presos no castelo. A última cena, quando Alan tenta escapar, também é sensacional, quando você pensa que ele realmente vai se livrar dessa, e zas…

Em 1971, Margheriti refilmou sua obra em Nella stretta morsa del ragno, ou o título internacional de Web of the Spider. Se você gosta dos filmes com essa atmosfera clássica e todo esse clima gótico, irá adorar Dança Macabra e sua narrativa. Inclua nisso a fantástica e fúnebre trilha sonora de Riz Ortolani, misturada com cenas de silêncio e carregada de sequências lentas e densas, e todo o mise-en-scène característico deste tipo de produção. Eu particularmente prefiro a fase mais splatter de Margheriti. Mas aqui é uma prova que ele sabe trabalhar muito bem com outros gêneros do horror.

Poe e amigos jogando conversa fora

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